segunda-feira, 8 de julho de 2013

Vestidos

Falar de sentimentos é sempre tão difícil, seja ele qual for, ódio, desprezo, pena ou ate mesmo amor. Este ultimo então causador de tantas alegrias e dores triviais, é difícil até mesmo de explicá-lo, imagine só senti-lo! Bom, imaginemos então que toda essa complexidade não existe e que o amor fosse como um vestido.
Eu tinha um vestido. Era vermelho, com bordados feitos a mão e cheio de strass (brilho). Ele era muito bonito, confortável e extremamente elegante. Fora feita sob encomenda por um costureiro do destino que colocou o vestido em meus caminhos. Quando o vestia me sentia uma princesa a levitar por um tapete vermelho e a chamar muitas atenções por onde andava. Era perfeito. Era. O tempo e o desgaste de tantas lavagens devido ao constante uso, o fizeram envelhecer, perder a cor, todos os brilhos haviam caído e os detalhes a mão estava rasgados e desfiando. O vestido não me servia mais e eu não parecia mais uma princesa ao usa-lo. Ele ainda era meu favorito, mas não me caia tão bem quanto antes.
Passei muito tempo tentando conserta-lo, fazendo remendos, até perceber de que precisa de um vestido novo urgente. A procura por um substituto da perfeição me parecia impossivel e me enlouquecia a cada vitrine que passava e não me agradava do que via. Esperei por um tempo a espera de um novo vestido sob encomenda cruzar meus caminhos novamente, mas não tive tanta paciencia e resolvi fazer as coisas acontecerem. Encontrei um, onde não havia procurado antes... Era verde musgo com detalhes brancos. Finalmente havia achado o que tanto procurava. Ele tinha cortes muito ousados, era bonito, selvagem e sexy. Não era bem o que eu procurava, mas era melhor que nada. Fui ao provador e o experimentei. Investi todas as minhas esperanças naquele vestido substituto. O vesti e a decepção não demorou muito pra se apoderar de mim. Me olhei no espelho e me sentia ousada, uma estrela de rock dos filmes que costumava assistir, mas ele não me servia. Era pequeno demais. Pedi outro numero e a tal da vendedora chamada Vida,  me disse que era tamanho único. Eu o comprei mesmo assim. Levei pra casa e o experimentei novamente. Constatei o que era obvio, o vestido era deslumbrante, mas não fora feito pra mim. Não importava, eu iria fazer aquele vestido ficar bom pra mim a todo custo e então entrei numa dieta rigorosa pra fazer com que meu corpo se adequasse ao vestido verde ousado que me olhava encantado com minha persistência. Em meio a toda a minha esquizofrenia quase me esquecera do bom e velho vestido vermelho que me tirou o fôlego tantas vezes. Quase. 
Depois de tanta dieta, o vestido finalmente coube em mim. Fiz de tudo pra que ele servisse. Deixei de comer  e passei noites com o estomago doendo de fome. Uma hora ele tinha que ceder. E então ele serviu. E percebi que não era a mesma coisa, via nele defeitos que ninguém mais via, e agora nem o achava tao deslumbrante quanto antes na vitrine da loja. Não era perfeito. Não pra mim.
O primeiro vestido me escolhera, fora feito sob medida. Foi ele quem se ajustou a mim e não eu a ele como aconteceu com o segundo vestido. O vestido verde era lindo, mas jamais me faria flutuar como o outro. Não era do meu tamanho. Talvez na outra garota ficasse impecável. Uma outra garota disputara comigo no momento da compra e me pergunto se ele não ficaria melhor nela. Talvez nela não haveria defeitos e ela não precisaria abdicar de comer pra entrar nele. Mas certamente ele não iria me fazer tão feliz quanto o outro me fez, por que eu o forcei a ser o meu vestido quando não o era pra ser. Então o que fazer quando uma coisa está quebrada e você tenta a todo custo faze-la funcionar, mesmo sabendo que la no fundo não tem mais jeito? Desejo um vestido encantador a vocês como eu tive e lembre-se, as vezes forçar as coisas acontecerem não é uma boa opção. Paciência é uma virtude. Beijos. 

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